Mula sem cabeça

 
“Cumprindo o seu fadário, a correr desabaladamente, ao fúnebre tilintar de cadeias que arrasta, amedrontando os supersticiosos”
 
 
Diz a história, que se transforma em mula-sem-cabeça, a mulher que se apaixona, seduz, ou namora um padre. Mesmo que o padre, mais tarde, deixe a promessa da castidade e case-se com ela, como manda a cerimônia, ela se transforma na besta pela maldição de se envolver com um homem com a missão santa, e assim deve ser visto, como um santo. 
 
 
A criatura é descrita como uma mula preta ou marrom bem escura, no lugar de sua cabela, existe apenas fogo. Ela aparece apenas de madrugada, geralmente nas noites de quinta e sexta-feira, quando a lua está cheia e clara, é quase certo que sua presença virá assustar as pessoas que cruzam o seu caminho ou moram perto de onde ela passa. 
Seu relinche e seus cascos, que trazem ferraduras valiosas de ouro ou prata fazem um som medonho e muito alto, que dizem que lembra a gemidos humanos.
 
 
A mulher que carrega a maldição procura uma encruzilhada nas noites em que se transforma, e então deve percorrer sete povoados ao longo da noite, e se encontrar alguém pelo caminho, suga os olhos, as unhas e os dedos da pessoa. Por isso, para não ser atacado, é necessário que ao avistar a criatura, a pessoa deite no chão de bruços, feche bem os olhos e esconda as unhas e os dedos.
 
Existem algumas variações de lenda. Uma delas diz que basta a mulher perder a virgindade antes do casamento e pronto! Está amaldiçoada e se transformar em mula.
 
Outra, um pouco mais chocante, diz que em um reino, a rainha tinha um mistério que nem mesmo o rei conhecia:
 
Todas as noites ela saia do quarto e só voltava ao amanhecer, até que o rei, cansado do segredo, decidiu segui-la, pensando na possibilidade da traição por parte dela.
Ao cair da noite, ela se levantou da cama como de costume, e saiu. O rei, foi atrás. Ele flagrou então a verdade:
A rainha ia ao cemitério comer cadáveres de crianças!
Ao notar que era observada, ela se transformou na besta e saiu pelas matas, e nunca mais foi vista na sua forma humana.
 
Apesar das variações, é certo que, para quebrar o feitiço, é necessário tirar o arreio que fica nela, como se ainda houvesse ali uma cabeça. Missão quase impossível, já que o objeto fica em meio ao fogo.
Outra possibilidade é tirar uma gota de sangue com uma madeira nova que não foi usada para nada mais antes... Então, aparece no lugar da mula uma mulher chorando e arrependida.